segunda-feira, março 11

Augusto Boal e o Teatro do Oprimido

A solidariedade entre semelhantes é a parte medular do Teatro do Oprimido. Criado pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal, nos anos 70, busca não apenas conhecer a realidade,mas a transformá-la ao nosso feitio, a transformação da sociedade no sentido da libertação dos oprimidos. É ação em si mesmo, e é preparação para ações futuras. Atualmente presente em mais de 70 países espalhados pelos cinco continentes, o Teatro do Oprimido (TO) é uma metodologia de trabalho político, social e artístico. É baseado na ideia que todo mundo é teatro, todos os seres humanos são atores, mesmo que não façam teatro. O ser humano carrega em si o ator e o expectador porque age e observa, e o também escritor, o figurinista e o diretor da própria peça, ou seja, da própria vida, pois escolhe como agir, o que vestir em cada ocasião e como se comportar. O Teatro do Oprimido, de acordo com o próprio Boal, pretende transformar o espectador, com o recurso da quarta parede, em sujeito atuante, transformador da ação dramática que lhe é apresentada, de forma que ele mesmo, espectador, passe a protagonista e transformador da ação dramática. A ideia central é que o espectador ensaie a sua própria revolução sem delegar papéis aos personagens, desta forma conscientizando-se da sua autonomia diante dos fatos cotidianos, indo em direção a sua real liberdade de ação, sendo todos “espectadores”, ou seja, atores e espectadores da ação dramática e da própria vida. Através da prática de jogos, exercícios e técnicas teatrais, procura estimular a discussão e a problematização de questões do cotidiano, fornecendo uma maior reflexão das relações de poder, através da exploração de histórias entre opressores e oprimidos. Os jogos propostos procuram desmecanizar o corpo e mente dos praticantes, alienados em tarefas repetitivas, e possuem regras como na sociedade, mas necessitam de liberdade criativa para que o jogo, ou a vida, não se transforme em obediência servil. São diálogos sensoriais que exigem criatividade e ajudam a desenvolver em pessoas de qualquer idade e profissão o sentido de humanidade criando possibilidades de observarem a si próprios. Augusto Boal foi um homem de coletivo, um semeador de multiplicadores. Ensinava aprendendo e aprendia ensinando, num constante processo de criação.

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